quarta-feira, 2 de março de 2011

Boi da Manta e carnaval em Vespá


Uma das festas mais bonitas e tradicionais de Vespasiano é o Boi da Manta. Ainda criança, participei desse acontecimento na época que poderíamos denominar como sendo uma "época de ouro" do carnaval em Vespasiano. Dava gosto de ver, de brincar, de fazer. O carnaval, como era antes, praticamente acabou, mas o boi da manta resiste. Mesmo com as mudanças, normais, tendo em vista a própria mudança da cidade.

O Boi da Manta do meu tempo de criança era o retrato de uma comunidade ainda bem rural, que dava os primeiros passos para uma modernização, que depois viria de forma avassaladora. Várias semanas antes do carnaval reuniam-se num sítio os organizadores do boi da manta, que punham a mão na massa, literalmente, costurando os panos nos balaios, pintando, bordando, montando os "temíveis" bois, as figuras e os bonecos gigantes que seriam carregados na grande e esperada noite de apresentação do tradicional Boi da Manta.

Uma coisa bem familiar, com espírito de trabalho coletivo e solidário. Cada um dando o que podia para que a festa fosse a mais bonita e surpreendente. Chegado o dia do Boi, as ruas do Centro eram tomadas pela população, especialmente pelas crianças, que corriam, encantadas e assustadas ao mesmo tempo. Os tambores, a sanfona, o canto - Ê boi... -", a correria, a gritaria, e aquilo sempre terminava bem, com gosto de quero mais. Era uma festa cheia de surpresas, mesmo para quem, como eu, ainda garoto, ajudava a organizar, já que meu falecido pai era um folião de primeira hora, e ficava por conta dos preparativos para a festa do boi. Ele e mais de uma dezena de antigos moradores de Vespasiano.

A cidade cresceu, modernizou-se, urbanizou-se, como de resto aconteceu com o Brasil e o mundo, sob os ditames da reprodução do capital. Nesse embalo, várias tradições da bucólica cidade foram sugadas, ou abandonadas, ou transformadas, ou simplesmente esquecidas. O carnaval, por exemplo, perdeu o encanto dos famosos desfiles de rua, com carros alegóricos, caminhões, bateria, alas com sambistas, que enchiam a avenida principal e os olhos de quem os assistia. Era um tempo em que as pessoas tinham tempo para se dedicar aos fazeres que proporcionavam prazeres e gostos a baixo custo, ou a custo zero, pelo fato, aparentemente simples, de estar ajudando a fazer, a criar e a manter os festejos, o folclore, a cultura popular, enfim.

Na atualidade, o carnaval adquire outro formato, mais marcado pela influência da mídia, com os axés e funks e outros ritmos que agarram expressivas parcelas da comunidade. Não se pode dizer que seja pior ou melhor, a não ser que se admita que o tom da crítica se deve ao olhar individual de quem a formula. Eu, que vivi outra época, achava mais belo o carnaval de antes; meus alunos seguramente acharão melhor o carnaval atual. Não há como comparar: são dois momentos distintos, vividos nos limites físicos de uma mesma cidade. As coisas mudam. Mesmo quando carregam o peso do passado.

Mas, embora o carnaval tenha assumido um formato e um público novo, diferente, o Boi da Manta sobreviveu com algumas características comuns aos primeiros tempos. Claro que a montagem do Boi já não se dá da mesma forma que antes. Sem o incentivo do governo municipal provavelmente o Boi atual morreria. Antes era a própria comunidade que o fazia. Mas, a alegria e a surpresa, e a correria e a gritaria das crianças, ainda lembram os tempos da antiga Vespá. Da janela da minha casa, observo o Boi da Manta passar. Num desfile que agora traz, de novidade, algumas belas meninas com samba no pé, lembrando o carnaval de rua de outrora.

Talvez o Boi da Manta de agora, que se apresenta nos dias que antecedem à data do carnaval, tenha conseguido a proeza de trazer de volta um pouco do gostinho do desfile de rua de antigamente, com as sambistas e a bateria que alegravam a cidade. Certas festas populares têm esse poder, de se reproduzir e de trazer para o presente um pouco da poeira de outros tempos, de outros carnavais. O Boi da Manta é um dos poucos elos entre a cidade-arraial e a Vespasiano dos dias atuais. Não é o memo Boi, mas continua provocando a mesma alegria e o gosto de quero mais de antes. Inclusive no fugaz encontro entre os antigos moradores e as novas gerações.

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"Rogerio:

Euler, tudo bem?

Você precisa entrar em contato com a Adriana Lara, para ela te informar sobre o projeto que esta tramitando na Câmara propondo novo zoneamento para a cidade. Absurdamente, o projeto acaba praticamente com toda área vede no município, assim como autoriza construir prédio de 12 andares proximo a praça JK por exemplo.

Abraços, Rogério
"

Comentário do Blog: Olha aí, pessoal, a denúncia do Rogério é grave: acabar com o pouco do verde que ainda resta na cidade de Vespasiano e permitir a construção de prédios gigantes próximo da Praça JK. Vespasiano é uma cidade pequena, mas com muitos aventureiros, que para cá se dirigem em busca do enriquecimento fácil, pouco se importando se a qualidade de vida da cidade desaparece.

Quem mora no Centro da cidade, por exemplo, sente as muitas formas de poluição, a começar pela poluição sonora, de carros de som que passam ligados no mais alto volume. Tanto os carros de propaganda, quanto os dos filhinhos de papai, que trafegam pelo Centro durante a madrugada, causando enorme barulho, sem qualquer fiscalização. Isso no Centro. Imaginem como andam as coisas nos bairros da periferia?! É hora da comunidade se mobilizar para garantir uma cidade com
qualidade de vida para todos.


Agora, Rogério, seria importante que a vereadora Adriana Lara colocasse a boca no trombone e divulgasse amplamente para a população o que vem acontecendo. E o pessoal da prefeitura, também, se quiser se manifestar, o espaço está aberto. Uma coisa é certa: a população de Vespasiano já pagou muito caro pelo silêncio e pela omissão em vários momentos. Depois não adianta reclamar.

2 comentários:

  1. Euler, tudo bem?
    Você precisa entrar em contato com a Adriana Lara, para ela te informar sobre o projeto que esta tramitando na Câmara propondo novo zoneamento para a cidade. Absurdamente, o projeto acaba praticamente com toda área vede no município, assim com autoriza construir prédio de 12 andares proximo a praça JK por exemplo.
    Abraços, Rogério

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  2. como e comemorado o carnaval de vespasiano agora em 2012

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